Ricardo Marques não crava Alessandro Vieira para o Governo | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

Ricardo Marques não crava Alessandro Vieira para o Governo
Blogs e Colunas | Joedson Telles 24/01/2021 09h24

O vereador Ricardo Marques (Cidadania) aponta, nesta entrevista, as prioridades do seu primeiro ano de mandato, na Câmara de Aracaju. Ele avalia ainda que "não justificaria" a presença do ex-senador Antônio Carlos Valadares (PSB) no programa eleitoral da TV, pedindo voto para a então candidata à Prefeitura de Aracaju, Danielle Garcia (Cidadania). O parlamentar também não crava o senador Alessandro Vieira como o nome do bloco para disputar o Governo do Estado, em 2022. "O partido escolherá, certamente, o melhor nome", diz Ricardo. Observando não ser fácil derrotar o sistema, ele assegura, por fim, que a candidatura de Danielle foi a única de oposição. "Isso ficou ainda mais claro no segundo turno quando todos os outros candidatos se somaram ao prefeito Edvaldo, comprovando o que a gente vinha dizendo, que eles não desejavam a mudança".

Como está sendo a experiência de exercer um mandando de vereador por Aracaju?

Tem sido incrível! Tenho feito aquilo que sempre gostei, que é defender o povo. Vejo que a minha profissão (jornalista) tem um pouco da essência do cargo de vereador. Como jornalista, sempre fui muito questionador, não me contentava apenas com uma resposta; sempre procurei fiscalizar as ações dos administradores públicos, cobrar e sugerir possíveis prazos e soluções. Acredito que esses são papeis fundamentais de um parlamentar. Outro ponto semelhante é a relação de “ponte” entre as pessoas e o poder público. Hoje, estou vereador e quero contribuir para ter uma Câmara forte e pulsante, pois quando temos vereadores comprometidos e ativos a sociedade se sente representada e a cidade se desenvolve com maior rapidez.

O senhor foi eleito no bloco de oposição ao prefeito Edvaldo Nogueira. Como será essa oposição?

Serei uma oposição que pensa no crescimento da cidade. Não é meu objetivo apenas apontar erros, mas ir a campo buscar soluções e levar propostas. Vou ser uma oposição que contribua para melhorar a vida das pessoas e o que for de contra mão ao que acredito irei falar e mostrar a sociedade, afinal de contas foi o povo que me elegeu. Acredito que muitos já conhecem meu perfil, não sou de briga, sou do diálogo. Criticarei quando for necessário e elogiarei nos acertos, sem problemas. Mas atenção: não espere de mim elogio por algo que é apenas obrigação do gestor. É preciso mais do que o que tem sido apresentado até agora. Aracaju precisa de uma revolução, ou não estaremos preparados para o que está diante de nós.

Quais são as prioridades deste primeiro ano do seu mandato?

A minha prioridade é dar atenção ao povo e fiscalizar a aplicação do dinheiro público em obras e no combate ao coronavírus. Infelizmente, a capital sergipana, que poderia ser modelo para várias cidades do Brasil, parou no tempo, nas últimas duas décadas. E não sou eu que estou falando: basta fazer uma rápida pesquisa nos índices divulgados pelo IBGE. Acredito que isso deve ao foco dado pelos nossos governantes, que perderam muito tempo em “brigas” de grupos político partidários e não perceberam que estamos no século XXI. É inconcebível quando no mundo se discute sobre o cidadão andar em drones, aqui o nosso sistema de transporte coletivo é da década de 80 e sem licitação. Fala-se muito em cidade inteligente e há mais de uma década que nosso plano diretor está parado. E por aí vai... São muitas as prioridades, que não são minhas apenas, mas dos nossos filhos e netos.

Quais pautas a Câmara de Aracaju precisa eleger como urgentes, em 2021, além do combate à pandemia?
A gente precisa trabalhar para aprovar as demandas da sociedade que estão esquecidas há muito tempo, a exemplo do Plano Diretor. Uma cidade não cresce sem um plano diretor, tudo depende dele.O IPTU é outra questão que precisa ser revisada a fundo. A revogação prometida pela administração não aconteceu de fato. Houve um aumento abusivo no valor venal dos imóveis, que é utilizado para a base de cálculo do imposto e ainda, aliado a situação da pandemia, não houve nenhum tipo de flexibilização por parte da prefeitura, seja suspendendo ou adiando o prazo para o pagamento dos contribuintes. Devemos ficar atentos ainda para cobrar da prefeitura que as licitações como a do transporte público e do lixo aconteçam. Essa é uma dívida que o prefeito Edvaldo Nogueira tem com a sociedade há mais de 10 anos e, nós vereadores, devemos fiscalizar e cobrar.

O que o motivou a entrar na política partidária, mesmo tendo o discernimento que os políticos são vistos pela maioria da sociedade como uma classe desonesta?

Durante mais de 25 anos, acompanhei os bastidores da política e por causa dos meus posicionamentos na TV recebi vários convites para concorrer a cargo público, coisa que não almejava, até porque ficava indignado com a atitude de grande parte dos políticos. Foi quando me dei conta que só se indignar de nada adiantava. A responsabilidade não era deles, mas minha. Primeiro como eleitor e depois por negar ter uma participação mais efetiva na vida pública partidária. Foi quando me dei conta as mesmas figuras que um dia votei há mais 30 anos permaneciam no poder até os dias de hoje. A partir daí vi que era a hora de mudar a política de Aracaju e minha geração não podia mais se esconder. Nesses primeiros dias de mandato tenho ido para as ruas, ouvindo e falando com o povo e assim será durante todo meu tempo na Câmara de Vereadores de Aracaju.

Por que Aracaju não elegeu Danielle Garcia prefeita? O que faltou para o projeto do Cidadania persuadir o eleitor?

Não é fácil tirar o sistema do poder. O atual gestor contou com o apoio das duas máquinas (Prefeitura e Governo do Estado), teve o maior número de partidos e mais tempo de televisão. Enfrentamos 10 candidaturas sozinhos, o alvo de todos os candidatos durante o primeiro turno sempre foi Danielle. Não havia candidatura de oposição a não ser a nossa. Isso ficou ainda mais claro no segundo turno quando todos os outros candidatos se somaram ao prefeito Edvaldo, comprovando o que a gente vinha dizendo, que eles não desejavam a mudança. O projeto apresentado pelo meu partido (Cidadania) tinha a melhor proposta para a cidade, Danielle é novidade na política, e, assim como eu, nunca havia disputado nenhuma eleição. Acredito que conseguimos persuadir boa parte do eleitorado e conseguimos, apesar de lutar contra tudo e contra todos, chegar ao segundo turno. E lá ela dobrou sua votação.

Foi um erro o ex-senador Antônio Carlos Valadares não ter espaço na TV, para pedir voto para Danielle Garcia?

As decisões foram tomadas pela equipe de estratégia da campanha, certamente, baseadas em dados e pesquisas. Danielle Garcia foi um nome novo apresentado para a sociedade aracajuana, ela era pouco conhecida pelo eleitorado. O Cidadania teve um tempo curto de TV, e acredito que foi bem aproveitado para a apresentação da candidata e divulgação de suas propostas. O programa eleitoral de Danielle não usou de nenhum político para pedir votos. O foco foi na apresentação das propostas dela. Respeito a história do ex-senador Valadares e sua contribuição por Sergipe. Mas, assim como não houve a participação de outros nomes da política, acredito que não justificaria a presença dele no programa eleitoral.

Quais as principais lições do pleito de 2020, em Aracaju?

O aracajuano mostrou que há espaço, sim, para novos nomes na política. A renovação na Câmara de Vereadores passou de 60%. A população está atenta a atuação dos políticos medíocres. O que mais percebi nas ruas é que as pessoas se sentem abandonadas, que os candidatos só aparecem no período de campanha. Isso ficou evidente. Acredito que a internet, mesmo com todos os seus desafios, tem sido uma ferramenta fundamental nesse processo. O político que não se atualizar e prestar contas ao povo será banido da vida pública partidária.

O partido está decidido a lançar o senador Alessandro Vieira como pré-candidato a governador, em 2022? É o melhor nome do partido? O melhor para Sergipe? Ou poderemos ter surpresas?

Alessandro é o presidente do Cidadania e senador da República, lidera esse projeto e está sempre discutindo com o grupo o que é melhor para Sergipe. O partido escolherá, certamente, o melhor nome para resolver os problemas de Sergipe com soluções baseadas em dados e evidências.

Ele já se comprometeu com o partido para encabeçar o projeto?

Não participei de nenhuma reunião do partido onde tenha havido manifestação do senador Alessandro em relação ao assunto.

O ex-senador Eduardo Amorim convidou Danielle Garcia para se filiar ao PSDB. É um sinal das dificuldades que o Cidadania terá para manter o bloco - e até mesmo ampliar -, para disputar as eleições 2022?

De forma alguma é sinal de dificuldade do Cidadania. Ao contrário. O Cidadania elegeu dois prefeitos e mais de 30 vereadores, sendo dois em Aracaju. Além de ter três deputados estaduais e um senador. O partido saiu do processo eleitoral fortalecido.

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Joedson Telles é um jornalista sergipano formado pela Universidade Federal de Sergipe e especializado em política. Exerceu a função de repórter nos jornais Cinform, Correio de Sergipe e Jornal da Cidade. Fundou e edita, há nove anos, o site Universo Político e é colunista político do site F5 News.

E-mail: joedsontelles@gmail.com

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